rte em família

Como já sabemos, o artista agrega em torno de si vários seguidores, sendo núcleo principal formado por seus filhos. José Alcântara, quase que religiosamente, acompanha, orienta e deslumbra-se com as descobertas/resultados de seus filhos Joe, Jean e James. A tendência a copiar o pai é muito forte. Seus animais de predileção, como a onça, permanecem, embora seus filhos incluam em seus repertórios as aves da região e outros animais. Há uma verdadeira marca, atestação de assinatura familiar - Alcântara - nos trabalhos dos filhos, o que de certa maneira é uma legitimação, um encontro com o pai, orientador, artista-mestre.

Também entre os filhos o processo de pesquisa se repete, numa busca iconográfica abrangente: nos desenhos preliminares que antecedem os entalhes, na pesquisa formal e comportamental dos animais escolhidos para se traduzir, na madeira, do modo mais fiel possível, o realismo da fauna amazonense, num estudo permanente de vida e da ecologia regionais. Tudo acontece como num jogo lúdico de descobertas e trocas. Há uma boa camaradagem familiar, o que proporciona o intercâmbio técnico, as críticas, o próprio processo construtivo do objeto.

A comercialização, importante etapa do proceso artístico/artesanal, é conjunta. Peças de pai e filhos ficam nos mesmos espaços - parece não haver uma hierarquização na disposição das mesmas. Hoje, Joe, Jean e James já assinam seus trabalhos, que têm a mesma qualidade que os do pai. As peças da família estão espalhadas por todo o planeta, em museus e coleções particulares. Além do perfeccionismo na sua execução, representam o simbólico do desenvolvimento de um artista que após buscar tantos caminhos diferentes, foi encontrar nas suas origens, uma maneira particular de mostrar um pouco da beleza da Amazônia.

José de Alcântara criou um jeito de ver e refazer os bichos da floresta amazônica e multiplicou este fazer com seus filhos, tendo hoje diversos alunos que absorvem os conhecimentos do mestre, realizando e assinando com seus próprios nomes centenas de verdadeiros "Alcântaras".

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